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sexta-feira, 24 de junho de 2011

O PAPEL DA UNIVERSIDADE...


                                                                        RESUMO
           A universidade desde tempos remotos teve por fim cultivar e transmitir o saber humano, mas sacudida pelas transformações históricas e, tendo que acompanhar as inovações que os homens iam criando em seus processos e estruturas sociais, ela foi tentando se adaptar constantemente às diferentes realidades. Assim, a rapidez com que se processam as transformações afetando todas as áreas, indistintamente, faz com que ocorram tomadas de posições reacionárias. Portanto, dentro de um novo mundo que deve ser construído, torna-se indispensável uma visão global da responsabilidade social, questão esta que passa obrigatoriamente pelas universidades, pois se a instituição tem algum grau de influência em algum espaço, até aí vai a sua responsabilidade social.
Este artigo relata a importância que a responsabilidade e a função social representam como compromisso contínuo nas organizações com o comportamento ético e nesta perspectiva as universidades, sejam elas públicas ou privadas, ocupam um papel relevante na tomada de decisão em favor da construção de uma nova consciência global. Esta postura caracteriza-se pelos constantes compromissos e cooperações que o ensino superior no contexto latino-americano e nos países emergentes vem desenvolvendo nestas últimas décadas em favor das camadas menos privilegiadas da sociedade como um todo. Nesse sentido o ensino superior num modo mais amplo cumpre uma função de socialização do conhecimento desde que este tenha uma configuração social que se transforma em um fator decisivo no processo de homonização e de modo peculiar da humanização do ser humano. Tendo em vista que o desenvolvimento humano é um processo que visa ampliar as possibilidades de aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos à qualidade devida e o desenvolvimento sustentável. Por isso, a universidade com os seus potenciais intelectuais, técnicos e tecnológicos esta se instrumentalizando para que o processo de desenvolvimento ocorra.

                                                       INTRODUÇÃO
A responsabilidade e função social do ensino superior consiste em desenvolver o processo de socialização dos conhecimentos numa perspectiva de estabelecer a interação com o meio que encontra-se inserida. No intuito de promover o desenvolvimento e a inclusão social daqueles que em virtude de uma ideologia cujos valores estão impregnados do individualismo, da competitividade e da falta de solidariedade.
Entende-se que a universidade, enquanto incubadora de novos conhecimentos, alicerçada no paradigma científico, ocupa um papel decisório na formação da cidadania.
As instituições de ensino superior devem desenvolver políticas que reflitam as necessidades do homem contemporâneo, ao invés de serem meras reprodutoras do status quo e da aceitação passiva e alienante das ideologias dominantes.
Partindo do princípio de que há uma consciência que existe desigualdade social, isto requer um posicionamento das instituições, dentre elas, a universidade em desenvolver projetos que atendam o clamor dos excluídos, em vista da dignidade e da valorização da pessoa.
Nos países desenvolvidos, tanto o estado quanto à iniciativa privada tem um papel fundamental no desenvolvimento de pesquisas, tanto nas instituições públicas quanto privadas. Nos países sub-desenvolvidos, como o nosso, o investimento em pesquisas, da iniciativa privada, nas instituições de ensino, é insignificante.
Se o futuro de um país depende da educação, então a educação deve ser de competência do estado. É uma questão de soberania nacional, de qualidade de vida, de cidadania, de liberdade e de democracia.
No entanto, tais ações não possuem um caráter somente filantrópico, mas acima de tudo colocar os conhecimentos, a episteme a disposição da sociedade como um todo. Para tanto, a responsabilidade e a função social do ensino superior possuem um caráter dinâmico e ético, pois está alicerçada a uma epistemologia e os aspectos antropológicos que compõe os diferentes grupos sociais.
O ensino, pesquisa e extensão – constituim-se nos principais alicerces para a universidade desenvolver ações sociais que valorizam o humano e justificam a necessidade do sujeito percebe-se como alguém responsável também por estar e participar no contexto social.

                                  BREVE PANORAMA DA UNIVERSIDADE
               A universidade de todas as instituições é a mais duradoura e contínua em seus nove séculos de existência. Deve a duas características contraditórias, tendência a resistir às mudanças e grande flexibilidade, capacidade de adaptação às demandas, de se transformar e de pensar o futuro (DIAS SOBRINHO, 2005, p. 29). 

               Ainda com Dias Sobrinho,
 além de essa instituição não mais corresponder a muitas necessidades dos tempos atuais, tendo em conta a complexidade dos conhecimentos e as grandes alterações na vida dos indivíduos e das sociedades, é também preciso ter em mente que ela ao menos em parte também correspondia, em cada tempo aos ideais de preservação dos privilégios das elites sociais dos respectivos períodos histórico (p.32).

                Neste contexto, Valdemar Sguissardi, esclarece,
seria ingenuidade pensar que a globalização ficaria restrita ao âmbito econômico-financeiro; que não envolvesse de modo abrangente e incisivo os campos sociais, da cultura, da ciência, do conhecimento. Uma das características da fase atual do modo de produção, sabe-se, é a transformação do saber científico em mercadoria capital, justificando o epíteto para a sociedade moderna de sociedade do conhecimento (p.7).

                 A educação superior se coloca como instituição chave na economia globalizada. “As instituições de educação superior têm tido historicamente um papel destacado no desenvolvimento dos países, no avanço dos conhecimentos e no fortalecimento da economia” (DIAS SOBRINHO, 2005, p.78).
     Diante desta complexidade em que o fenômeno chamado globalização traz e afeta toda a sociedade na concepção do autor referido é preciso recusar todo avanço que não coloque a elevação da vida humana incluindo valores, justiça social e equidade, o pluralismo e o respeito à alteridade,aqui a responsabilidade e a função social da universidade na formação do cidadão.
                  As instituições de educação superior não existem para preparar os novos conquistadores do mundo, mas fundamentalmente para formar cidadãos. “Se as universidades não estão preparadas para ensinar isso, nenhum espanto se a injustiça, a violência, a guerra permaneçam no futuro as formas naturais de comportamento dos humanos.” (PETRELLA, 2003, p 148).

                                    O ENSINO SUPERIOR
       O ensino superior como em qualquer sociedade constitui-se um dos principais motores para o desenvolvimento econômico e ao mesmo tempo depositário e criador de novos conhecimentos, assim como um instrumento imprescindível de transmissão das experiências culturais e científicas acumuladas ao longo do tempo pela humanidade. A sinalização de uma mudança de mentalidade do ensino superior no Brasil e no mundo, já pode ser percebida, pelas diferentes iniciativas, ações e investimentos em favor de uma educação consciente voltada a políticas ecologicamente corretas e iniciativas que contribuem, por exemplo, para a qualidade de vida de comunidades de baixa renda.

       Se há bem pouco tempo as universidades voltavam sua atenção quase que exclusivamente para a transmissão de conhecimento, buscando apenas a reprodução de sistema, hoje se percebe que não é possível mais agir desta forma. Longe de atender os apelos dos imperativos econômicos, o ensino superior antes de qualquer coisa, reúne um conjunto de responsabilidades e funções que a levam a ocupar um patamar significativo e responsável no processo de transformação da realidade social.
       Onde de acordo com Delors (2000, p.142) os trabalhos de pesquisa fornecem a base essencial dos programas de desenvolvimento, da formulação de políticas e da formação dos recursos humanos de nível médio e superior.
        Essa mudança de mentalidade desenvolvida em muitas instituições de ensino superior tem refletido positivamente junto à sociedade, desmistificando assim, a idéia de que a universidade não contribui para o desenvolvimento e principalmente à inclusão social.
       Para que a instituição universitária seja socialmente responsável, devem incluir em suas políticas, objetivos e missão compromissos que envolvam desde a utilização de materiais que não agridam o meio ambiente até a preocupação com o ser humano como um todo.
                   Nesse ponto de vista, para que haja universidades socialmente responsáveis, estas devem estar preparadas para contar com a flexibilidade para adaptarem-se às exigências de uma sociedade calcada em um mercado competitivo, globalizado e que clama por qualidade, ética e responsabilidade social. Onde por sua vez, todos os recursos disponíveis deverão estar disponíveis a este novo paradigma.
                   A universidade como potenciadora da produção do conhecimento atravessa uma crise de identidade contemporânea que resulta em discursos divergentes: interesses individualistas do mercado ou valorização em pesquisas.

         FRAGILIDADE DAS PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR
                  Os significados que as políticas de ajuste estrutural formuladas por instituições multilaterais, especificamente o Banco Mundial, a UNESCO e a Organização Mundial do Comércio exercem, acentua profunda influência no desenvolvimento mundial. O grau de importância deve-se não apenas ao volume de seus empréstimos e à abrangência de suas áreas de atuação, mas também ao caráter estratégico que vêem desempenhando no processo de reestruturação neoliberal dos países em desenvolvimento e consequentemente, na reestruturação da educação superior. Os objetivos ocultos ou não dessa interferência vão “além das suas verdadeiras intenções ou do seu marketing” (TOMMASI, 1998, p.77). Ainda segundo Tommasi (1998),
por trás do aparato  técnico-discursivo  economicista  existe uma  grande ignorância sobre o processo educativo e as necessidades futuras de nossas sociedades, visto que boa parte do que está sendo proposto como política correta não passa de um conjunto de hipóteses que merece ser levado em conta, sim, mas não como um conhecimento seguro já comprovado (p. 110).
               Cabe observar, ressalta Cattani (p. 47), num quadro comparativo sobre os desafios contemporâneos nas visões do Banco Mundial e da UNESCO que os objetivos não são antagônicos:
Banco Mundial:
- Reduzir a pobreza no mundo em desenvolvimento;
- Diversificar e diferenciar o sistema de ensino pós-secundário, objetivando que este funcione bem, seja diversificado e experimente crescimento, reduzindo gasto por estudante.

UNESCO:
- Definir um sistema de educação superior adequado:
a) aos processos simultâneos e contraditórios de democratização, regionalização, polarização, marginalização e fragmentação;
b) a um mundo em permanente mutação (sociedade do conhecimento);
c) aos imperativos do desenvolvimento econômico e técnico;
d) ao desenvolvimento humano sustentável;
e) à massificação da educação superior.     
            Como acrescenta Cattani (p. 34)
            No documento Educação: Um Tesouro a descobrir (1996) há indicações claras e precisas quanto ao papel da universidade. Na mesma direção, reconhece que a diversidade de estabelecimentos de ensino superior e de formação profissional está de acordo com as necessidades da sociedade e da economia, expressas em nível nacional e regional. Além disso, entende-se que é preciso gerir o desenvolvimento da educação ao longo da vida implica também que se estudem novas formas de certificação das competências que vão sendo adquiridas, inclusive fora da via principal e única, ou seja, a escola básica e a universidade. Por isso, a diversificação da educação superior torna-se tão importante no atendimento à crescente demanda e aos desafios da massificação.

            Ainda sobre esse documento o autor retoma na questão da demanda, da diversificação institucional e da consciência sobre a importância da educação superior para o desenvolvimento sócio-cultural e econômico, o que implica em grandes desafios e dificuldades. Isso se deve, em grande parte, a um mundo em permanente mutação e a uma sociedade que tende, cada vez mais, a transformar-se em sociedade do conhecimento onde a universidade tem o papel da responsabilidade e função social para que esses desafios e dificuldades sejam superados.

                                             CONSIDERAÇÕES FINAIS
  Diante do atual perfil da educação superior, fica evidente que as universidades, assim como quaisquer outras instituições, paulatinamente necessitam de se adequar aos processos de desenvolvimento econômico e social. Foram criadas para formar uma elite aristocrática, depois complementada por uma elite de mérito, elas sofreram mutações através dos tempos e necessitam cada vez mais de se moldarem às novas condições impostas por esta realidade.
  O compromisso perante sua responsabilidade e função social como universidade deve ser muito mais efetivo, visto que ela faz parte de um contexto global inclusivo que a determina, devendo colaborar para a manutenção ou para a transformação da sociedade. Então, se faz necessário uma análise da história a partir do prisma dos grupos que compõem esta comunidade, considerando a multiplicidade de dimensões da vida coletiva, para criar novos conceitos adaptando-os as novas situações concretas.
   De uma forma geral, as universidades devem optar por ações duradouras, que visem transformar profundamente a sociedade, na direção da conquista dos direitos civis, políticos e sociais dos indivíduos e das comunidades, engajando-se nos diversos movimentos sociais, tendo em vista uma integração real, uma parceria efetiva, na tentativa de sair do seu enclausuramento, alheamento e corporativismo que, na maioria das vezes, conduz à inércia acadêmica e ao descompromisso com a sociedade que a mantém.
   Necessita-se, portanto, de uma ação educativa para a construção da cidadania para além de ações emergenciais e/ou compensatórias. Ação esta que deve permear a atividade-fim das universidades, culminando com uma proposta pedagógica que tenha como eixo central, a formação de profissionais-cidadãos, e com uma visão de universidade que, sem descuidar do desenvolvimento científico e tecnológico, esteja alerta e atenta às necessidades mais prementes do seu contexto social.
   Assim, urge refletir e avaliar a atuação das universidades, a fim de projetar novas ações a serviço da comunidade, somando esforços e criando e/ou estimulando parcerias em todos os níveis e áreas de conhecimento, pois o processo que leva à compreensão de que a questão social com a qual nos deparamos no momento atual pode ser amenizada através dos caminhos da ciência, e isto está apenas começando.
             Portanto, sendo a universidade um instrumento de transformação da sociedade, cabe à comunidade acadêmica a decisão de retardar ou acelerar a solução do problema presente.

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AUTOR: MARCOS ANTÔNIO DE PAULA.
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