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quinta-feira, 12 de abril de 2012

O INGLÊS DAS MÚSICAS...


Posted: 09 Apr 2012 09:00 PM PDT
Todo mundo diz que ouvir músicas é uma excelente maneira de se aprender inglês. Isso porque ao ouvir uma música você aprende vocabulário e expressões. Você também afia também os ouvidos para entender o que a música significa. Isso deixa o seu listening muito mais apurado. Fora isso tem também a gramática. Dá para aprender gramática lendo a letra de uma música. 

Calma, aí! Será que dá mesmo para aprender a gramática da língua inglesa ouvindo músicas? Estou fazendo essa pergunta pois vez ou outra recebo e-mails de leitores perguntando porque em uma determinada música o cantor diz “he don’t” ao invés de “he doesn’t” ou “you is” no lugar de “you are”.  Portanto, será que música ajuda mesmo a aprender gramática? Será que podemos confiar 100% na gramática das músicas?

A minha resposta para isso é a seguinte: compositor nenhum nesse mundo escreve uma música pensando em regras gramaticais. Ou seja, eles não acordam e dizem “hoje estou com uma vontade louca de escrever uma música no Present Perfect”.  Fala sério, você acha mesmo que os caras escrevem músicas tendo como inspiração uma regra gramatical? Você os imagina com livros de gramáticas enquanto escrevem uma música? Se você acha que é assim que eles escrevem músicas, eu vou dizer que você também acredita em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Bicho Papão e político honesto!

Eu acho um absurdo as pessoas (professores) usarem músicas para ensinar regras gramaticais. As músicas são escritas levando em conta os sentimentos, o público que vai ouvir, a melodia, o ritmo, etc. Os fatores que levam uma música a ser composta não são as regras gramaticais presentes em livros de gramática. Se você é professor de inglês, leia mais sobre isso no texto “Músicas no Ensino de Inglês: que tal fazer de um jeito diferente?”.

Dito isso, meu conselho é o seguinte: tome muito cuidado ao ouvir uma música. Pois, embora sejam compostas por falantes nativos da língua inglesa, elas contêm “erros” quando comparados com a Gramática Normativa da Língua Inglesa. Para facilitar, vou dar exemplos.

Em várias músicas da cantora Britney Spears encontramos ela dizendo “he don’t” no lugar de “he doesn’t”. Uma dessa músicas é Amnesia. Logo no começo da música ela diz “if he wanna see me, he don’t even know it”. Na música He About To Lose Me, ela canta “I see that he don’t care”. Rihanna faz o mesmo ao cantar “got a girl at home, but he don’t care” na música Good Girl Gone Bad. Nessa mesma música ela ainda canta “all he’ll do is keep me at home”. As gramáticas mais exigentes dirão que o correto é “all he’ll is to keep me at home” ou “all he’ll do is keeping me at home”. 

A bela Fergie, na música Fergalicious, dá um exemplo de que ela não se daria bem no Soletrando do Caldeirão do Huck. Nessa música ela canta “T to the A to the S-T-E –Y. Girl, you’re tasty”. Percebeu que ela soletra T-A-S-T-E-Y para a palavra “tasty” que vem logo na sequência?

O verbo “sangrar” em inglês é “bleed”. Esse é um dos verbos irregulares em inglês cuja forma é “bled”. No entanto, Justin Timberlake canta “when you cheated girl, my heart bleeded girl”, na música What Goes Round.

Esse tipo de coisa não é privilégio dos cantores de agora não. Também encontramos erros assim nos clássicos. Bryan Adams, em Run to You, canta “but that’d change if she ever found out about you and I”. O certo é “... found about about you and me”. Já o grupo The Police nos deu a pérola “everything she do just turns me on” em Every Little Thing She Does Is Magic. Lembre-se que o certo deveria ser “everything she does just...”.  

A lista é grande! Lembro-me que a música que mais deu trabalho tempos atrás foi o sucesso The Way I Are do Timbaland. No título da música já se vê a confusão sendo formada! Não deveria ser The Way I Am? Na época eu perdi as contas dos e-mails que recebi pedindo para eu explicar em que situações usamos “I are”. Resposta: em nenhuma; isso aí é coisa da música apenas.

Portanto, cuidado com esse negócio de aprender inglês com músicas. Vale a pena! Ajuda bastante! Mas, muitas vezes a gramática das músicas é a gramática do dia a dia ou simplesmente gramática nenhuma. 

Ou seja, em alguns casos (he don’t, she do, about you and I, etc.), os artitas procuram fazer uso da forma como determinado grupo fala inglês coloquialmente. Geralmente, o público alvo desses cantores (geralmente pessoas abaixo dos 30 anos de idade) falam assim no dia a dia, mas em situações falam certo (ou não - vai saber!). A gramática usada por esse público é descontraída, fora das regras dos livros e tudo mais. Já em outros casos (I are) a gramática é apenas invenção do artista por alguma razão desconhecida. ele escreveu aquilo lá e pronto! 

Para evitar essas confusões, um bom livro de gramática e um pouco de discernimento ajudarão você a entender o que é certo para contextos formais e o que é certo para o dia a dia mais descontraído. Se você tem um livro de gramática, ou o costume de pesquisar em blogs e sitessaberá que esse tipo de linguajar das músicas nem sempre reflete a gramática que você aprende em livros, cursos, escola, cursinho, etc. Na dúvida, fique sempre com o que está no livro! Aproveite ainda para ler essas duas dicas: Aprendendo Inglês com Músicas e Firework de Katy Perry (um exemplo de como aprender inglês de um jeito diferente usando músicas).

Para encerrar a dica, conto aqui um fato que ocorreu na década de 1990 e deu muita dor de cabeça para os professores de inglês na época. A banda inglesa Oasis lançou uma música que foi sucesso. Trata-se do clássico Wonderwall, composta pelo então líder da banda, Liam Gallagher. Na época todo mundo queria saber o significado de “Wonderwall”. Como não tinha nada nos dicionários, inúmeras teorias surgiram. Mas, o mistério foi solucionado quando perguntaram ao mau-humorado Liam o que realmente significava “wonderwall”, ele com uma simpatia singular respondeu “Sei lá! Eu tava tão chapado quando escrevi essa música que nem lembro mais o que é. Só sei que quando voltei ao normal eu achei legal e deixei assim”. Interessante, não?

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